O câncer representa um grave problema de saúde pública global. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, em 2022, houve cerca de 20 milhões de novos casos de câncer e 9,7 milhões de mortes no mundo.
E as projeções futuras não são animadoras: segundo a OMS, mais de 35 milhões de novos casos de câncer são previstos até 2050, um aumento de 77% em relação aos 20 milhões estimados em 2022. Esses números destacam a importância e necessidade urgente de intervenções eficazes para prevenção e combate ao câncer.
Especificamente entre as mulheres, o câncer de mama se destaca como o tipo mais comum e como a principal causa de mortes por câncer e anos de vida ajustados por incapacidade [1]. Nesse cenário, medidas preventivas abrangentes, como programas de rastreamento do câncer, tornam-se essenciais.
A implementação de campanhas de conscientização, como o Outubro Rosa, e a adoção de estratégias eficazes de rastreamento podem facilitar a detecção precoce da doença, melhorando os resultados do tratamento e reduzindo a mortalidade associada.
Exames preventivos para o câncer de mama
A mamografia é o exame de imagem que tem sido mais amplamente utilizado para o rastreamento do câncer de mama, desde a década de 70, principalmente em países desenvolvidos.
No entanto, sua acessibilidade pode ser limitada em países menos desenvolvidos devido a diferentes barreiras, como insuficiência de equipamentos, cobertura de seguro inadequada e dispersão geográfica da população [2]. Adicionalmente, a mamografia apresenta baixa sensibilidade em mulheres com mamas densas, as quais possuem maior risco de desenvolver câncer de mama em comparação com aquelas com mamas menos densas [3,4].
Recentes evidências indicam que outro exame de imagem, a triagem por ultrassom, é capaz de detectar cânceres de mama ocultos que não são identificados pela mamografia. Segundo estes estudos, a triagem primária por ultrassom demonstra um desempenho comparável ao da triagem primária por mamografia, colocando a mesma como uma alternativa viável ou complementar, especialmente em populações com mamas densas [5,6].
Desempenho do ultrassom no rastreio do câncer de mama
Em revisão sistemática e meta-análise, pesquisadores, avaliaram 23 estudos acerca do desempenho do ultrassom em diferentes contextos de triagem para câncer de mama. Os resultados de maior destaque referem-se à comparação entre o ultrassom suplementar (S-US), utilizado após mamografias negativas, e o ultrassom primário (P-US), aplicado como método de triagem inicial [7].
No contexto do S-US, os resultados indicaram que essa modalidade foi eficaz em detectar até 96% dos cânceres que passaram despercebidos pela mamografia. Essa alta taxa de detecção pode ser particularmente útil em mulheres com mamas densas, uma condição que reduz a sensibilidade da mamografia. Além disso, o S-US apresentou uma taxa de detecção de câncer de três por mil exames, confirmando seu papel como uma ferramenta complementar importante [7].
Em relação ao P-US, os resultados foram igualmente interessantes. O P-US apresentou uma taxa de detecção de câncer semelhante à da mamografia primária (P-MAM), com uma sensibilidade e especificidade comparáveis. A sensibilidade do P-US varia entre 62% e 71%, enquanto a especificidade foi de aproximadamente 94% a 99% [7].
Ultrassom: maior detecção de cânceres invasivos
Segundo a revisão, o P-US foi capaz de detectar uma proporção maior de cânceres invasivos em comparação à mamografia, com uma taxa de detecção de 16,3% em relação aos 10,6% da P-MAM [7].
Um ponto importante foi a maior proporção de cânceres invasivos detectados pelo ultrassom, tanto no S-US quanto no P-US, com o P-US detectando até 95% dos cânceres invasivos em alguns estudos. A detecção de cânceres de mama invasivos é um fator crítico para melhorar os desfechos clínicos, pois esses casos muitas vezes requerem tratamentos mais agressivos. Observou-se que o ultrassom detecta uma alta proporção de cânceres de mama invasivos com nódulos negativos, o que pode ser um indicativo de diagnóstico precoce e uma menor probabilidade de metástase nodal [7].
Em contrapartida, o P-US apresentou uma maior taxa de recall em comparação com a mamografia, o que pode resultar em mais investigações subsequentes e procedimentos adicionais, como a biópsia. A taxa de biópsia foi de 3,9% no caso do S-US, e para o P-US, a taxa variou entre 2,3% e 6,7%. Esse aumento nas taxas de biópsias pode impactar os custos e os recursos do sistema de saúde, além de gerar ansiedade nos pacientes [7].
Outro achado relevante do estudo foi que o desempenho do P-US foi comparável ao da mamografia em termos de detecção geral de câncer, mas se destacou em mulheres com mamas densas. Isso reforça o uso do ultrassom como uma ferramenta essencial em populações com maior densidade mamária, uma vez que a mamografia sozinha pode ser insuficiente nessas circunstâncias [7].
Portanto, as atuais evidências oferecem uma visão abrangente da utilidade do ultrassom, tanto como complemento à mamografia quanto como método primário de triagem, especialmente em mulheres com mamas densas. Estudos de longo prazo podem ser necessários para avaliar os impactos do ultrassom na mortalidade por câncer de mama e em aspectos como a redução de falsos positivos, para equilibrar os benefícios e potenciais desvantagens do método [7].
Gphantom Mama: simulador para treinamento médico de ultrassom
Sem dúvidas, o sucesso da utilização do ultrassom como ferramenta de rastreio do câncer de mama depende de uma execução técnica e apurada. Uma formação inadequada pode resultar em diagnósticos incorretos e retardar o início do tratamento. Logo, profissionais de saúde que passam por um treinamento prático e aprofundado tendem a alcançar melhores resultados na aplicação dessa técnica.
O Gphantom Mama foi desenvolvido para o treinamento de biópsia guiada por ultrassom e diagnóstico por imagem. Possui onze estruturas internas, com seis propriedades diferentes de ecogenicidade, o que possibilita o treinamento dos procedimentos mencionados anteriormente, como adicional de técnicas como a PAAF ou CORE biópsia.
Os simuladores são ferramentas didáticas, destinadas exclusivamente para fins de treinamento médico. Eles permitem que os profissionais de saúde desenvolvam e aprimorem suas habilidades em um ambiente livre de riscos, promovendo a autoconfiança e a competência clínica.
Para saber mais sobre os simuladores de treinamento médico Gphantom e como eles podem melhorar a precisão e a segurança dos procedimentos clínicos, acesse nossa loja virtual.
Gphantom: aprenda, pratique, aprimore.
Referências
[1] Global Burden of Disease Cancer Collaboration. Global, Regional, and National Cancer Incidence, Mortality, Years of Life Lost, Years Lived With Disability, and Disability-Adjusted Life-Years for 29 Cancer Groups, 1990 to 2016: A Systematic Analysis for the Global Burden of Disease Study. JAMA Oncol. 2018 Nov 1;4(11):1553-1568. doi: 10.1001/jamaoncol.2018.2706
[2] Fan L, Strasser-Weippl K, Li JJ, St Louis J, Finkelstein DM, Yu KD, Chen WQ, Shao ZM, Goss PE. Breast cancer in China. Lancet Oncol. 2014 Jun;15(7):e279-89. doi: 10.1016/S1470-2045(13)70567-9
[3] Boyd NF, Guo H, Martin LJ, Sun L, Stone J, Fishell E, Jong RA, Hislop G, Chiarelli A, Minkin S, Yaffe MJ. Mammographic density and the risk and detection of breast cancer. N Engl J Med. 2007 Jan 18;356(3):227-36. doi: 10.1056/NEJMoa062790
[4] Berg WA, Blume JD, Cormack JB, Mendelson EB, Lehrer D, Böhm-Vélez M, Pisano ED, Jong RA, Evans WP, Morton MJ, Mahoney MC, Larsen LH, Barr RG, Farria DM, Marques HS, Boparai K; ACRIN 6666 Investigators. Combined screening with ultrasound and mammography vs mammography alone in women at elevated risk of breast cancer. JAMA. 2008 May 14;299(18):2151-63. doi: 10.1001/jama.299.18.2151
[5] Berg WA, Bandos AI, Mendelson EB, Lehrer D, Jong RA, Pisano ED. Ultrasound as the Primary Screening Test for Breast Cancer: Analysis From ACRIN 6666. J Natl Cancer Inst. 2015 Dec 28;108(4):djv367. doi: 10.1093/jnci/djv367
[6] Berg WA, Zhang Z, Lehrer D, Jong RA, Pisano ED, Barr RG, Böhm-Vélez M, Mahoney MC, Evans WP 3rd, Larsen LH, Morton MJ, Mendelson EB, Farria DM, Cormack JB, Marques HS, Adams A, Yeh NM, Gabrielli G; ACRIN 6666 Investigators. Detection of breast cancer with addition of annual screening ultrasound or a single screening MRI to mammography in women with elevated breast cancer risk. JAMA. 2012 Apr 4;307(13):1394-404. doi: 10.1001/jama.2012.388
[7] Yang L, Wang S, Zhang L, Sheng C, Song F, Wang P, Huang Y. Performance of ultrasonography screening for breast cancer: a systematic review and meta-analysis. BMC Cancer. 2020 Jun 1;20(1):499. doi: 10.1186/s12885-020-06992-1
Comments