O câncer de tireoide, principal malignidade endócrina, tem registrado aumento significativo em sua incidência global nos últimos 50 anos. No Brasil, conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que esse tipo de câncer afeta três vezes mais as mulheres do que os homens. Dados epidemiológicos apontam ainda para mais de oito mil casos desse tipo de câncer em nosso país no ano de 2022, sendo o terceiro mais frequente em mulheres nas regiões sudeste e nordeste do país.
Embora o câncer de tireoide possa ocorrer em qualquer idade, ele é mais recorrente em pessoas acima dos 25 anos. É importante ressaltar que a detecção precoce do câncer de tireoide é fundamental para o sucesso do tratamento.
A citologia aspirativa por agulha fina (PAAF) consolidou-se como um dos métodos mais utilizados no diagnóstico de nódulos tireoidianos. Sua associação com a ultrassonografia trouxe maior precisão e sensibilidade para a identificação de malignidades, permitindo intervenções direcionadas e redução de diagnósticos equivocados.
Sensibilidade diagnóstica da PAAF
Em recente estudo publicado na revista Scientific Reports (Grupo Nature), pesquisadores revelaram dados importantes sobre a eficácia da PAAF no diagnóstico do câncer de tireoide. Com base em mais de 2.300 casos, os resultados apontam alta sensibilidade diagnóstica, especialmente em lesões maiores, destacando os benefícios e limitações dessa técnica [1].
A pesquisa incluiu pacientes operados por câncer de tireoide entre 2004 e 2013, sendo 85% submetidos à PAAF antes da cirurgia. A sensibilidade geral da técnica foi de 82%, com uma melhora considerável em nódulos maiores que 1 cm, atingindo 87%. Por outro lado, em lesões menores que 1 cm, a sensibilidade caiu para 61,5%, evidenciando os desafios técnicos envolvidos na aspiração de pequenos nódulos [1].
O estudo destacou que a PAAF guiada por ultrassom apresentou resultados superiores quando comparada à realizada por palpação clínica. Na PAAF ultrassonográfica, a sensibilidade foi de 86,9%, enquanto na técnica guiada apenas por palpação, ficou em 76,9%. Isso demonstra a relevância do ultrassom em aumentar a precisão e reduzir erros diagnósticos, especialmente em casos de lesões subcentimétricas ou localizadas em áreas de difícil acesso [1].
Entre os tipos de câncer analisados, o carcinoma papilífero foi o mais prevalente, representando 74% dos casos. Carcinomas foliculares e oncocíticos, que exigem confirmação histológica para diferenciação, tiveram sensibilidades mais baixas na PAAF, especialmente em lesões menores. Esses dados reforçam a importância da técnica como um complemento diagnóstico, mas também ressaltam suas limitações em determinados subtipos histológicos [1].
Relevância clínica da PAAF guiada por ultrassom
O uso do ultrassom no procedimento de PAAF ampliou significativamente sua aplicabilidade clínica. A visualização em tempo real permite ao especialista identificar nódulos suspeitos com maior precisão, guiando a agulha para áreas específicas do nódulo, o que reduz a chance de amostragens inadequadas. Além disso, o ultrassom facilita a identificação de características anatômicas que indicam maior risco de malignidade, como margens irregulares, microcalcificações e hipoecogenicidade marcada [1].
Nos casos analisados, a utilização do ultrassom foi especialmente útil em nódulos subcentimétricos, embora os desafios técnicos permaneçam significativos. Esses nódulos frequentemente apresentam tecidos normais adjacentes que podem ser inadvertidamente aspirados, resultando em falsos negativos. No entanto, o ultrassom melhora consideravelmente as chances de coletar material citológico representativo, possibilitando diagnósticos mais confiáveis [1].
Outro ponto relevante é a contribuição do ultrassom na estratificação de risco e no planejamento terapêutico. Pacientes com resultados suspeitos ou malignos na PAAF guiada por ultrassom são mais frequentemente encaminhados para cirurgia, enquanto lesões benignas podem ser monitoradas clinicamente, reduzindo intervenções desnecessárias [1].
Desafios e limitações da PAAF
Embora os dados do estudo mostram alta sensibilidade da PAAF em lesões maiores, o método apresenta limitações em lesões menores e subtipos específicos, como carcinomas foliculares. A confirmação diagnóstica para esses subtipos geralmente requer análise histológica detalhada, pois a citologia da PAAF não diferencia adequadamente entre adenomas e carcinomas [1].
Além disso, a falta de padronização completa na aplicação da técnica pode levar a variabilidade nos resultados, especialmente em centros com menor experiência ou sem acesso a ultrassonografia de alta resolução [1].
Considerando esses desafios, a PAAF é uma ferramenta indispensável no diagnóstico do câncer de tireoide, especialmente quando combinada com ultrassonografia. Os resultados do estudo confirmam sua alta sensibilidade em lesões clinicamente relevantes, mas também destacam a necessidade de avanços técnicos e treinamento para superar suas limitações em casos mais desafiadores [1].
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Referências:
[1] Lind P, Jacobson A, Nordenström E, Johansson L, Wallin G, Daskalakis K. Diagnostic sensitivity of fine-needle aspiration cytology in thyroid cancer. Sci Rep. 2024 Oct 16;14(1):24216. doi: 10.1038/s41598-024-75677-7
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